A bota do Estado em tempo de covid-19
O mundo parou pelo Floyd. O Brasil se indignou um pouco, mas não parou pelo Miguel Otávio (ou por vários outros) e agora a bota do policial de São Paulo no pescoço de uma mulher negra, pobre, de 51 anos, que não quis revelar seu nome com medo. A farda do Estado parece liberar o pior de cada um que a veste. É como se houvesse uma permissão intrínseca. Todo aquele que recebe o manto do Estado se acha no direito e no dever de infringir direitos e garantias constitucionais. Isso se estende ao Judiciário e ao MP. Polícia Militar é apenas um pequeno martelo, um martelo espelhado, que reflete o Espelho de um Narciso maléfico e "Narciso acha feio o que não é espelho" - que me perdoe Caetano. É claro que grande parte da Polícia Militar brasileira não usa o martelo espelhado, mas aqueles que fazem seu uso, são terríveis e causam um mal irremediável para a alma de todos nós. Será que não haverá nenhuma manifestação em apoio àquela Senhora? Será que ninguém mostrará sua indignação com a bota do Estado no pescoço de um cidadão "que não seja engenheiro civil"? Será que continuaremos seletivos com nossas manifestações e indignações?
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